sábado, 21 de maio de 2011

22/05/2010


Não há mais lembranças. Nem boas e nem ruins. Apenas um momento expulso de um coração sofrido. Apenas o exorcismo de um sentimento que, como o ser humano, mudou completamente depois de ser tocado de forma diferente do que estava acostumado a ser tocado, a ser visto. Apenas mudou. E agora ele desapareceu. Sem deixar vestígios. Apenas foi embora junto com a água corrente pelo cano em direção a o esquecimento.

Espero que ele sobreviva simplesmente a vida que teve. Que ainda viva alguma coisa boa para ser lembrado...

Não!

Não deve haver qualquer lembrança. Nem boa e nem ruim. Apenas o esquecimento. Assim poderá haver alguma chance de uma amizade, algum tipo de retorno a convivência. Algo que não tenha a cicatriz do que houve de ruim. Mesmo que quem tenha feito tal cicatriz tenha sido eu, enquanto ela falava que não queria mais.

Apenas eu me esfaqueei. Apenas eu me maculei e me torturei com o pensamento de alguma coisa boa.

Dane-se a intenção, o que conta é o resultado!

E esse não foi um bom resultado. Nem para mim, nem para... mim. Apenas.

Ela continua a vida dela da forma que lhe convêm. As vezes eu penso mesmo se era eu quem estava doido por ela ou simplesmente doido por ter aceito tudo que ela me propunha.

Minha vida inteira eu me abstive e me anulei por outras pessoas. E quando achava que havia conseguido me organizar, percebei, depois de ter sido jogado fora feito algum tipo de papel amassado, inconveniente e inútil, que estava sendo o mesmo que não queria ser. De novo.

Agora eu simplesmente queimei a ultima lembrança dela em minha vida. Agora só me resta ela como lembrança e sei que isso se apagará com o tempo. Apenas não quero mais sofrer dessa forma. Não quero mais a lembrança de alguma coisa tão ruim que me fez ficar doente, perder a minha visão e minha identidade. Meu ser como um todo. Eu me tornei algo para ela e não para mim. Eis meu erro.

O dela foi ser quem ela é. Dentro dos limites dela. Dentro da vida que ela tem e dos pensamentos que lhe rondam a mente e o ser. Ela apenas não sabe o que é a vida. Jovem e viva... Apenas precisa sobreviver alguma vez... De verdade! Precisa do sofrimento que se tem no decorrer da experiência. Precisa amadurecer assim como eu preciso amadurecer também.

Eis o sentido da vida, amadurecer e saber sofrer. Se deixar sofrer. Se deixar viver e viver de acordo com o que se vive. Vida é tudo, sofrimento inevitável, a queda um aprendizado. Cair é gravidade, mas levantar-se é apenas opcional.

Hoje eu decidi mesmo me levantar. Iniciei minha escalada não sei pra onde. Apenas dei meu primeiro passo: me levantar. Quero ir o mais longe que puder, seja para onde for. Creio que quando me levantar eu veja o horizonte e decida para onde ir, mas, daqui a te lá, apenas quero me levantar e lembrar que eu sou. Quem eu fui, e quem quero ser.

Apenas!

Um comentário:

  1. Profundo!!!
    Espero que estejas bem, deveras!
    Sinto um pouco meu tudo que vc escreveu, sinto toda essa verdade...
    Ando meio assim, e digo mais:
    Dane-se o resto, so quero ser feliz comigo mesma, estar em paz, tranquila...

    ResponderExcluir